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POESIAS


omingo, 20 de março de 2011

LUA


Pálida no centro do céu,
dorme cedo por ser nova,
em quartos minguantes
a lânguida lua.

Cheia de ficar ao léu,
Nos quartos que prova,
Crescentes como antes
Na noite que é sua
  

sábado, 12 de março de 2011

Aviso



Meu movimento lento, 
sorrateiro e liso.

Movo invento e curto, 
derradeiro riso.

Morro pouco um tempo, 
quando é preciso.

Mostro garra e dente, 
este é meu aviso.

Misturo o bem e mal, 
inferno e paraíso.

Máscara


Sou muito ainda do que fui
Quando ser  era algo incerto
Sou  nada do  que esquecí
Quando eu era livro aberto

Sou parte do que criei
Quando me sentia querido
Sou tudo o  que sonhei
Quando era permitido

Sobra tempo vida minha
Como folhas de um caderno.
Quando chega o fim da linha
Vi que julgava ser eterno.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Silêncio



Apenas 
pense.
Pare.
Faça 
suspense.
Cale.
Não 
fale.
Dispense.

Em retalhos de cetim, eu dormi o ano inteiro...


Invento alegorias na avenida da vida,
que não sobrevive à batida do surdo.
Então a máscara cai e me quedo mudo.

Quando a noite passa me vê assim:
Perto do outros e longe de mim. 

sábado, 19 de fevereiro de 2011

PORQUE HOJE É SÁBADO


O DIA DA CRIAÇÃO

Vinícius de Moraes

Macho e fêmea os criou
Genesis, 1, 27

I
Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.
Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

II
Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criançinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado

III
Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, o Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra;
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário.
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias.
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos.
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia.
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia.
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias.
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos;
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade.
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo...
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente,
Porque era sábado


sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Rio de Janeiro

Hoje não rio, Janeiro cruel
Sinto um arrepio, caiu o ceú!
Vida banal, choro vendo o jornal.
Óh!Cristo de braços abertos,
de amor eterno, de caminhos certos.
Alivia o inferno, os descaminhos!
Esteja por perto, não os deixe sozinhos.

Um dia
nasce o sol
e a esperança...

domingo, 9 de janeiro de 2011

G O T A S

Gotas que chamam
Chamas gotejam
Chamem de fogo
Ou água
que seja.

Gostem de gotas
Afoguem, há fogo
Água que arde:
Aguardente.

Agua dura
em fogo mole
bate e afaga
até apaga.

Fogo duro
em água mole
bate bate
bole bole.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Arte e Tecnologia


Arte é arte. 
Em todo tempo e em toda parte.
Artesanato: feito à mão.
Feito à máquina: ilusão.
Antes nunca do que tarde
antes tudo que a parte
ante o novo: a arte
Água mole em ferro duro
Fere a alma, pula o muro
Civilização ao léu
Caco, ruina
em baixo
céu.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Amor

Cresce o ponto

bem no meio

do amor seu centro

assim como

o que a gente sente

e não diz


cresce dentro.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

VELAS

È,
Não
Existe
Vento a favor
Para quem não sabe
Pra que rumo deve navegar.
Nunca existiu um vento neste mundo que conduzisse barco sem leme.
Não existem comandantes nestes mares que ajudem quem não reme.
Mas existem barcos a vela que conseguem manter sua pontaria
Desfraldando velas quando venta e recolhendo na calmaria.
Existem barcos sem rumo e outros com comandante


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Com julgado


 Soletro
 Só letras
 Soletra
Só letramos
Só letrais
Só letram

Só letrão

Testo fórmulas de toda forma
Nem preciso mais de pretextos
Para meus textos

sábado, 4 de abril de 2009

Filhotes


De clarezas raras, de morena Clara
De firmezas pedras, de pedreira Pedro
De pauladas lentas, de beleza Paula

Em cada olhar de cada cor
Rasga-me o peito por amar
Tonto de amor de cada tom
Cabe-me inteiro em cada olhar

Olhos castanhos: um casto olhar
Olhos tristonhos a me sondar
Olhos azuis: fundo do mar
Olhos molhados: a marejar
Olhos negros: profundo olhar
Olhos no olhos: iluminar


Clara, Paula e Pedro
Calma, pausa e medo
De Deus tem o dedo
Não é mais segredo

Pequeninos sonhos de Deus
Melhores sonhos e esperanças
Meus tesouros são frutos Teus
Teus milagres minhas crianças

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Andei lendo que quem lê anda tirando tudo de letra




No infinito branco do papel, letras escuras caminham e seguem sua sina. São sinais gráficos que transitam entre folhas nestes textos e contextos. Os desavisados andarilhos; agora sinalizados, andam retos pelos trilhos, andam soltos nos caminhos, mais felizes, mais letrados.







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