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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A afetividade na relação aluno-professor

"O amor é uma intercomunicação intima de duas consciências que se respeitam. Cada um tem o outro como sujeito de seu amor. Não se trata de apropriar-se do outro”. Paulo Freire


Afetividade



A palavra afeto vem do latim affectur (afetar, tocar) e constitui o elemento básico da afetividade. Significa um conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam em sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor, insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza. É fácil deduzir que a afetividade é importante na construção da felicidade, na formação de pessoas estáveis, capazes de conviver com o outro, saber ouvi-lo valoriza-lo. E na escola as relações afetivas são importantes, pois não há transmissão de conhecimento sem interação entre pessoas. Afetividade é, pois parte integrante da educação, se esta de dispuser a construir o homem por inteiro.



Todos os nossos afetos podem se manifestar sob a forma de emoções ou sentimentos. No ambiente escolar as emoções e sentimentos mais latentes se verificam nas relações de afeto que se estabelecem entre alunos e professores. As emoções são aquelas expressões acompanhadas de reações intensas e breves do organismo, como o choro, a gargalhada, a paixão. Já os sentimentos são mais duradouros que as emoções e não são acompanhados de reações orgânicas intensas, a amizade e a ternura são exemplos de sentimentos. Essas manifestações fazem parte de nossa vida psíquica e nos acompanham a todo o momento e em todas as situações. Na escola não é diferente e a aprendizagem depende em grande parte dessas relações afetivas estabelecidas entre professores e alunos.



Sigmund Freud (1856-1939) é o pai da psicanálise e defensor do conceito de inconsciente. Segundo esse autor, o ser humano é regido por forças que estão no seu interior e que esse desconhece. A vida psíquica não se resume aos fatores conscientes (percepção, atenção, memória, intencionalidade, etc.) mas está apoiada em manifestações inconscientes, sendo esse o objeto de estudo da psicanálise. Ao descobrir a existência dessa instância, Freud retira do ser humano a idéia de que este pode controlar totalmente seus atos e pensamentos, afirmando que não somos senhores absolutos de nossos próprios comportamentos. Segundo Kupfer (1992) ao apresentar essa idéia Freud confirma Copérnico e Darwin, ao afirmarem, respectivamente, que a Terra não é o centro do sistema solar e o homem não é o centro da criação.Na Psicopedagogia o estudo das emoções só se justifica se ajudar a esclarecer as relações durante o processo ensino-aprendizagem. Como ciência nova e que bebe nas fontes da Psicologia e da Pedagogia, podemos clamar a ajuda de ciências auxiliares como a Psicanálise de Freud para aprofundar nossa reflexão.A psicanálise não trata diretamente das emoções ou do desenvolvimento afetivo, mas sim da constituição do sujeito e de suas transformações ao longo da vida, onde os afetos e suas manifestações estão presentes. Essa ciência interessa-se, sobretudo, pelo inconsciente, seu principal objeto de estudo. Através dos conceitos da Psicanálise podemos refletir sobre as várias áreas do conhecimento humano. Assim é com a Educação. Freud tem poucos textos que abordam diretamente a questão educacional, entre eles podemos citar O interesse científico da psicanálise, de 1913 e Algumas reflexões sobre a psicologia escolar, de 1914; porém, a educação e, principalmente, a relação professor-aluno podem ser percebidas através da Psicanálise.



No cotidiano escolar podemos perceber a carga de afetividade que interage de forma positiva ou negativa na aprendizagem. Percebemos que o aluno é um ser pensante que vai construindo seu mundo e o conhecimento com sua afetividade, suas percepções, sua expressão, imaginação e sentidos. É importante destacar que a afetividade não pode ser entendida apenas como contato físico. Quando elogiamos um trabalho, reconhecemos o esforço do outro e o motivamos, estamos estabelecendo uma ligação afetiva. E é importante perceber que esta afetividade não é unilateral. Quando citamos o elogio de um trabalho ou o reconhecimento do esforço, pode nos vir à mente a imagem clássica do professor elogiando ou promovendo um aluno; mas existe toda uma carga positiva de afetividade que também se estabelece quando o aluno discute a capacidade do professor, elogia suas aulas, reconhece o esforço em proporcionar bom ambiente de aprendizagem, avalia e motiva, estabelecendo assim uma relação de troca.
É, portanto pela afetividade que se pauta todo cenário de relacionamento humano, e na escola não poderia ser diferente. Esta afetividade e esta relação de troca criam ambientes sociais saudáveis. O conversar, o dialogar, o ensinar e o aprender ganham um contorno novo os afetos contribuem para isto.
A UNESCO, em seu Programa Aprender Para o Século XXI, fala dos quatro pilares da educação do futuro: aprender a conhecer, aprender a atuar, aprender a viver juntos e aprender a ser. Alguns autores já propõem corajosamente um outro pilar: aprender a amar. E o amor proposto não é o romântico ou utópico, mas o de doação de convivência e de crescimento junto com o outro. Zenita Cunha Guenther (1997) nos fala de um amor forjado na convivência e na observação:
"É a noção interna e o conceito que se forma do outro, a partir das percepções diferenciadas na vivência e experiência comum com as outras pessoas que compartilham conosco a aventura de viver e ser parte integrante da humanidade."Essa é a dimensão educativa do amor. É na nossa maneira única de ser e na vivência comum com outras pessoas que desenvolvemos nossos afetos e desafetos e começamos a selecionar o que gostamos e o que não gostamos e por associação, enquanto aprendizes, o que queremos e o que não queremos aprender. E nessa dimensão o amor que emoldura a afetividade faz sentido quanto modifica os fazeres, os dizeres e as posturas de nossos relacionamentos.

Um comentário:

  1. Olá, é a primeira vez que passo por aqui e gostei muito do seu Blog, especialmente deste tópico. Sou professor do Ensino Médio e apesar de ter uma boa/ótima relação com a maioria de meus alunos, tenho uma turma, em especial, que a barreira de relacionamento e afetividade foi construída mutuamente.

    Seu post me ajudou muito a refletir e traçar caminhos sobre como afetá-los positivamente.

    Um grande abraço!

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