Com esta monografia participei de um dos concursos do Rotary para professores autores.
14º CONCURSO DE MONOGRAFIAS BRASIL ROTÁRIO PARA PROFESSORES
PERÍODO ROTÁRIO 2006-07
UMA RELEITURA NO BÊ-Á-BÁ DO BRASIL:
O Rotary fazendo escola.
EDSON DE MORAES POSCIDONIO
ITAÚ DE MINAS - MG
2007
EDSON DE MORAES POSCIDONIO
UMA RELEITURA NO BÊ-Á-BÁ DO BRASIL:
O Rotary fazendo escola.
Trabalho apresentado à Brasil Rotário como requisito para participar do 14º Concurso de Monografia do Brasil Rotário para professores.
Dedico primeiramente a Deus, sempre meu Mestre. Depois aos mais queridos que Ele me confiou: Esposa e filhos.
Agradecimentos
Ao meu pai, Orlando Poscidônio, que me apresentou às primeiras letras; e à professora Dona Icléia de Souza Paiva, que me ensinou a colocá-las em ordem.
O Rotary fazendo escola.
EDSON DE MORAES POSCIDONIO
ITAÚ DE MINAS - MG
2007
EDSON DE MORAES POSCIDONIO
UMA RELEITURA NO BÊ-Á-BÁ DO BRASIL:
O Rotary fazendo escola.
Trabalho apresentado à Brasil Rotário como requisito para participar do 14º Concurso de Monografia do Brasil Rotário para professores.
Dedico primeiramente a Deus, sempre meu Mestre. Depois aos mais queridos que Ele me confiou: Esposa e filhos.
Agradecimentos
Ao meu pai, Orlando Poscidônio, que me apresentou às primeiras letras; e à professora Dona Icléia de Souza Paiva, que me ensinou a colocá-las em ordem.
RESUMO
Este trabalho é uma aventura pelo mundo das letras. Uma aventura em companhia do Rotary. Um passeio pelo universo dos códigos que abrem as cortinas da leitura e permitem vislumbrar um mundo novo para quem consegue decifrar. Um trabalho que busca compreender a existência de dois “Brasis”: um que exporta soluções (como no caso das urnas eletrônicas com eleições e apurações quase em tempo real) e outro parado no tempo, ou que passou muito tempo sentado em bancos escolares e se levantou sem ter aprendido a lição. Procuramos fazer eco com autores que enxergaram estes dois “Brasis” e que arregaçaram as mangas para construir uma ponte sobre o abismo que separa estas duas realidades. Na revisão bibliográfica destes autores e no contato com a literatura do Rotary percebemos que é possível encurtar a distância entre estas realidades tão diferentes de nosso país. É uma reflexão sobre alfabetização e letramento, sobre métodos e procedimentos, sobre iniciativas inovadoras como a “ligth house” e principalmente sobre instituições que fazem a diferença quando se dedicam de verdade em algum empreendimento.Assim mostraremos as teorias pedagógicas existentes e o envolvimento do Rotary neste contexto. Buscamos na literatura existente a base teórica deste desafio, mas, principalmente, procuramos analisar a prática de alguns projetos realizados e de outros em andamento. O desafio é conhecido: permitir que cada brasileiro tenha o direito de ler uma bula de remédio, uma lista de compras, uma placa na rua ou uma carta de alguém querido. Mais do que reforçar teorias este trabalho tem o intuito de provocar a reflexão sobre estas pessoas que precisam fazer uma leitura de mundo e também devem dominar as ferramentas para escrever sua própria historia, para se expressarem e serem ouvidos. Fundamentamos os argumentos em pedagogos, escritores, realizadores e responsáveis dentro da área de educação. Reforça-se neste texto a prática oportuna de se buscar parcerias para resolver problemas complexos. Que o pensamento de mestres como Rubem Alves, Paulo Freire, Madalena Freire, Emilia Ferreiro e ainda outros nos ajude a reforçar o acervo sobre a importância da linguagem escrita como ferramenta de cidadania.
palavras-Chave: Letramento, Educação, Método, Parceria.
O ato de ler e escrever deve começar a partir de uma compreensão muito abrangente do ato de ler o mundo, coisa que os seres humanos fazem antes de ler a palavra. Até mesmo historicamente, os seres humanos primeiro mudaram o mundo, depois revelaram o mundo e a seguir escreveram as palavras.
Paulo Freire
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho surge da urgência de se pensar a alfabetização e o letramento. Quando falamos de analfabetismo no mundo, estamos falando de um exército de mais de dois bilhões de pessoas que não dominam a leitura e a escrita. Uma estatística aterradora quando nos lembramos que não estamos falando da ausência de uma habilidade rara ou de um carisma especial, mas da capacidade de decifrar códigos de sobrevivência. De fato, está ficando cada vez mais difícil sobreviver neste mundo sem dominar pelo menos a linguagem do país a que pertencemos, a língua pátria. Não estamos falando aqui das inúmeras possibilidades que se apresentam para quem domina vários idiomas. Estamos falando da premissa básica de se entender um bilhete, uma lista de compras, um aviso de área perigosa ou a contra indicação de um remédio.
Estes dados assustadores se confirmam no Brasil. Pesquisas recentes divulgadas pelo Ministério da Educação (MEC) apontam dezesseis milhões de analfabetos em nosso país. Este universo se alarga quando inserimos os chamados “analfabetos funcionais”, pessoas com menos de quatro séries de estudos concluídas. Neste caso chegamos a trinta e três milhões de pessoas com pouco domínio da leitura e escrita.
Esta realidade no Brasil e no mundo clama por ações e inventivas de associações que se interessam pelo crescimento intelectual e social das pessoas. Clubes como o Rotary, que acompanharam a erradicação do analfabetismo na Tailândia com a metodologia “Concentrated Language Encouter- CLE”, e que se sentem motivados para o trabalho no Brasil. Esforços desmedidos de pessoas que doam de si sem pensar em si. São pessoas que sabem que nem tudo que é comum é normal. Pessoas que entendem que pode ser comum que alguns alunos não cumpram o ano letivo. Que pode ser comum o fato de escolas perderem de trinta a quarenta por cento dos alunos no decorrer de cada ano. Que tem sido comum a “enturmação” de alunos em classes ditas “fracas”, comum pais que não conseguem ajudar os filhos nas tarefas escolares e até fato comum professores despreparados para suas funções. Pode ser comum, mas não é normal. Este trabalho fala de pessoas que se sensibilizam, que se incomodam e que sabem que estes fatos não podem ser considerados normais e que saem do lugar comum para buscar soluções.
Como educador sei que o desafio é grande, mas sei também que problemas grandiosos como a paralisia infantil foi combatida pelo Rotary com o programa Polio Plus, que grandes problemas exigem soluções que envolvam muita gente, muito recurso, muita criatividade e muita boa vontade.
A ONU declarou que esta é a década da alfabetização. É, pois o tempo propício para canalizarmos esforços nesta tarefa. Não é novidade no meio acadêmico que a marginalização causada pelo analfabetismo traz consigo um custo social muito alto. E juntamente com o Governo (responsável diretor pela questão da educação), devemos estabelecer parcerias e buscar a construção de uma sociedade alfabetizada e, por conseqüência, autônoma e cidadã.
Este trabalho se justifica pela urgência do tema, pela abrangência do problema e pela necessidade de se divulgar atitudes e atividades que parecem se encaminhar na direção certa. Uma reflexão para salientar que o analfabetismo não é uma doença que possa ser curada com vacina. Mas que toda a campanha no sentido de encaminhar a sociedade para um nível de letramento aceitável merece registro divulgação.
O objetivo primeiro desta monografia é como diz o título, fazer uma releitura no bê-á-bá do Brasil e mostrar que escola não consegue sozinha cumprir a missão de alfabetização e letramento. Neste sentido este trabalho busca a organização e crítica de textos que apontam caminhos e registro de iniciativas que deram frutos.
A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica e os autores pesquisados foram educadores do sistema formal, acadêmico e educadores voluntários, rotarianos apaixonados pela educação. Esta pesquisa qualitativa buscou na literatura existente os textos e obras que esclarecem e ajudam a entender o problema.
Ficou então o trabalho organizado e estruturado em reflexões, considerações, e relato de experiências desta forma:
O primeiro capítulo esta introdução sobre as motivações e os desafios deste grave problema do analfabetismo e de como algumas pessoas se debruçam sobre a questão.
O segundo, uma abordagem conceitual sobre a aprendizagem e o letramento, sobre a diferença entre letramento e alfabetização e a apresntação de um método inovador utilizado pelo Rotary Clube chamado Lighous.
O terceiro discorre sobre a interpretação, o gosto pela leitura e a formação de bons leitores. Reflete como a boa leitura passa sim pela decodificação das regras lingüísticas, mas passa também pela leitura das entrelinhas e da socialização. Fala de uma categoria de analfabetos que nem sempre aparecem nas estatísticas: o analfabeto funcional e da nova categoria que atualmente se apresenta neste novo cenário tecnológico: o analfabeto digital.
A partir destas considerações esperamos responder questões que ampliem nosso conhecimento sobre perguntas específicas como: Qual a competência mínima que uma pessoa precisa possuir para ser considerada alfabetizada? Qual a diferença entre alfabetização e letramento e por fim, e talvez o mais importante, Que práticas funcionam e o que deve ser feito para reverter esta situação de qualquer tipo de analfabetismo.
É um trabalho necessário na medida em que se deve divulgar a idéia de um processo de ler e escrever que se constrói tanto no plano da inteligência quanto nos relacionamentos e nas construções afetivas. De uma perspectiva humana e social que transforma as pessoas e que permite uma mudança na sua leitura de mundo e assim na sua história pessoal.
CAPÍTULO 2. NÃO LEIO E NÃO ESCREVO.
2.1 Alfabetização e Letramento.
Posso afirmar com segurança que o grande motivador deste trabalho foi um artigo do “Jornal Educar” que descrevia uma iniciativa de uma instituição denominada “Escola Especial Municipal Rotary Club”. Este artigo que encontrei na Rede Mundial de Computadores cita uma experiência com uma aluna portadora de necessidades especiais e de quebra dá uma lição sobre a forma mais eficaz de alfabetizar: o letramento. Descrevendo o método utilizado o artigo assim discorre:
Baseando-se na concepção do processo e crescimento natural da criança, com o objetivo de enriquecer e dar continuidade ao trabalho, foram propostas brincadeiras com os nomes da Chamadinha – identificação e diferenciação das letras, palavras e números – e palavras significativas surgidas nos projetos. Segundo a professora, apoiado na concepção de Emília Ferreiro, na qual tradicionais exercícios de prontidão não ultrapassam o nível motor, e na necessidade de letramento (em que a leitura depende de maior contato com escritas funcionais), surgiu o jornal da turma. O jornal foi o meio de comunicação utilizado para divulgar os projetos (futuros trabalhos, passeios e eventos), desejos (convites para que as mães participassem das atividades) e necessidades (autorização para os passeios), através de diferentes tipos de textos. A sessão de Classificados, criada a partir de um problema real de desemprego nas famílias, proporcionou a formação da cidadania, tornando-os protagonistas de suas histórias.
Jornal_Educar/Jornal23/educacao_inclusiva/letramento.htm
Este artigo demonstra que a iniciativa do Rotary nesta área da educação já contempla os novos paradigmas pedagógicos. Isto nos leva à diferenciação do que seja alfabetização e do que seja letramento. Alfabetização e letramento são dois processos diferentes mas ao mesmo tempo indissociaveis e cada um tem a sua especificidade.
Alfabetização pode ser descrito como o processo de aquisição do sistema de escrita, das conveções da escrita do código da escrita. Trata-se de uma metodologia em que o aluno é colocado para “decorar” cada símbolo e o que ele representa. A iniciativa mais conhecida neste método é a famosa “cartilha”. A utilização da cartilha já foi muito criticada porque este instrumento tem um problema básico: Ela se apoia apenas na relação entre letra e sons e deixa de lado uma questão importante que é a do significado. As cartilhas tradicionais trabalham apenas esta “mecânica” da alfabetização. A cartilha pode se util em algum momento, desde que o professor tenha o cuidado de fazer a relação dos codigos com os significados e com a contextualizção.
O letramento, por sua vez, já se trata de um processo de desenvolvimento das práticas sociais de leitura e de escrita. E de uma prática construtivista, que respeita a formas mais variadas de cada aluno aprender. Assim como naquela Escola Especial Municipal Rotary Club, em que a professora sabia que só poderia atingir uma criança especial com atividades especiais, e com uma experiencia contextulaizada. Esta prática social é assinalada por pedagogos consagrados:
Talvez a diretriz pedagógica mais importante no trabalho (...dos professores), tanto na pré-escola quanto no ensino médio, seja a utilização da escrita verdadeira nas diversas atividades pedagógicas, isto é, a utilização da escrita, em sala, correspondendo às formas pelas quais ela é utilizada verdadeiramente nas práticas sociais. Nesta perspectiva, assume-se que o ponto de partida e de chegada do processo de alfabetização escolar é o texto: trecho falado ou escrito, caracterizado pela unidade de sentido que se estabelece numa determinada situação discursiva. (Leite, p. 25)
Assim, a alfabetização não é algo ultrapassado e nem é substituida pelo letramento, são processos cognitivos difertentes, cada um exigindo metodos difertentes. Mas são indissociaveis uma vez que quero que o meu aluno aprenda os códigos praticando atos de leitura e de escrita.Um é condição do outro e um não precede o outro. Durante muito tempo se pensou que primeiro era preciso um para depois o outro. Ou seja que primeiro era preciso aprender o codigo para depois praticar este codigo. A concepção moderna é que as duas coisas se façam ao mesmo tempo. É sempre importante lembrar que cada situação exige uma abordagem diferenciada e que um termo não invalida o outro. Quando entendemos letramento não podemos abandonar a alfabetização. Segundo as preocupações da grande educadora Emília Ferreiro:
Há algum tempo, descobriram no Brasil que se poderia usar a expressão letramento. E o que aconteceu com a alfabetização? Virou sinônimo de decodificação. Letramento passou a ser o estar em contato com distintos tipos de texto, o compreender o que se lê. Isso é um retrocesso. Eu me nego a aceitar um período de decodificação prévio àquele em que se passa a perceber a função social do texto. Acreditar nisso é dar razão à velha consciência fonológica. (2003, p. 30)
Somente esta compreesão, a de que o ato de ler e escrever está intimamente ligado à leitrura de mundo, interpretação da vida, leva pessoas e grupos a perceberem que todo ser humano já possui esta capacidade de “ler” sua existencia muito antes de dominar a linguagem dos códigos escritos.
Infelismente, no nosso país o analfabetismo puro ainda é uma realidade muito presente. Existe ainda no Brasil um número significativo de indivíduos que não adquiriram o saber necessário para atender às exigências de uma sociedade letrada. Leda Verdiani Tfouni, em “Letramento e alfabetização” (1995), afirma sobre a alfabetização que mesmo no sentido mais básico da palavra, ou seja, mesmo a pura representação gráfica, muitos brasileiros ainda carecem de habilidades. Quanto mais sério se torna o problema quando entendemos que esta representação é muito pouca, precisa ser aprimorada. Esta pedagoga entende a diferença entre a habilidade mínima necessária e a continuidade que o processo de letramento precisa ter:
...ou como um processo de aquisição individual de habilidades requeridas para a leitura e escrita, ou como um processo de representação de objetos diversos, de naturezas diferentes. O mal-entendido que parece estar na base da primeira perspectiva é que a alfabetização é algo que chega a um fim, e pode, portanto, ser descrita sob a forma de objetivos instrucionais. Como processo que é parece-me antes que o que caracteriza a alfabetização é a sua incompletude. TFOUNE (1995)
Com isso subentende-se que a alfabetização nunca será alcançada por completo, mas deve ser considerada como uma relação entre os educandos e o mundo e em constante processo de transformação. E que a escola sozinha não tem conseguido êxito para completar este processo. Existe uma crescente preocupação em desenvolver um controle sobre a questão da alfabetização como capacidade de decifrar os símbolos escritos. Foi então preciso criar um termo e fazê-lo conhecido no campo da pesquisa, surgindo o “analfabetismo”. Mas, observou-se que para o estado / condição daquele que sabe ler e escrever, e, que responde de maneira ampla e satisfatória as demandas sociais fazendo uso de alguma maneira da leitura e escrita, ainda não havia uma denominação. Mais tarde, isso se fez necessário devido à constatação de uma nova situação: de que não basta apenas o saber ler e escrever, necessário é saber fazer uso do ler e do escrever, saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz.
2.2 O Rotary e o Lighthouse
Em principio, a palavra “Lighhouse” poderia ser traduzida como “Farol do Saber”. E esta expressão retrata a realidade, pois ela denomina um projeto de alfabetização que se propõe ser uma luz no fim deste túnel escuro de ignorância que vislumbramos em muitos setores de nosso país. Ou poderia ainda ser comparado com um destes faróis que orientam navegantes desavisados, neste caso em mares estranhos das letras e símbolos. Trata-se de um projeto do Rotary com uma estratégia conhecida como “Concentrated Language Encounter – CLE”. Em 1984, rotarianos da Austrália criaram o método do “Encontro Concentrado de Linguagem” que foi aplicado na Tailândia (na época com taxa de analfabetismo de 93%).
Urquiza Alvin, Governador do Distrito 4520 em novembro de 2006, publicou uma carta que demonstra esta forma de alfabetizar que o Rotary vem implantando e explicita a relação professor aluno no processo de aprendizagem, a contextualização do material utilizado e principalmente o respeito à cultura do aluno e a riqueza das diferenças culturais. Nesta carta, que aparece publicada num artigo com o título “Alfabetizar é a chave para quebrar o ciclo de pobreza”, o autor demonstra todo o conhecimento de causa do Rotary e assim se expressa:
O aprendizado exige planejamento e decisões sobre o tipo, freqüência, diversidade e seqüência das atividades de aprendizagem. Essas decisões são tomadas, em função do que se considera como responsabilidade do aluno e do professor no processo. Por exemplo, pode-se citar a experiência que a criança viveu ou não, em relação à leitura e à escrita. Incluem, também, os critérios que definem o “status” de alfabetizado, no contexto de uma cultura. O Rotary International vem desenvolvendo a revolucionária metodologia “Encontro Concentrado de Linguagem CLC
(concentrated language encounter)”, mais conhecido por “LIGHTHOUSE” ou “FAROL DO SABER”, que permite a alfabetização de adultos e crianças, no curto espaço de 8 meses. Essa metodologia foi desenvolvida, inicialmente, na Austrália e Tailândia, com excelentes resultados, reduzindo a índices mínimos o analfabetismo naqueles países, em cinco anos de utilização do método. (ALVIM-2006)
De tudo o que pesquisamos sobre o “Lighthouse”, o que mais chama a atenção é a preocupação com a cidadania, com a contextualização e não apenas com decodificação da escrita. É um projeto que não considera a criança como um recipiente para se guardar símbolos ou textos, mas como ser humano que interage no contexto, que não é apenas aprendiz do alfabeto, mas um ser social. Um projeto que trabalha temas transversais, ou seja, parte de determinados assuntos da vida para ensinar a ler e a escrever. E o que é mais importante, seleciona os textos e os temas de forma que os assuntos sejam de formação humana, cidadã. Existe uma presença de significados em tudo o que a criança aprende e estes saberes são os temas, os “eixos” que atravessam o processo de alfabetização. Neste sentido podemos afirmar que se trata muito mais de letramento do que de mera alfabetização, pois cuida do real, do contexto, enquanto ensina.
E não se trata de um projeto novo, mal experimentado. No informativo do Rotary Internacional do Distrito 4430 de vinte e cinco de outubro de 2003, a então Governadoria já publicava um artigo intitulado “Alfabetizar: nossa nova missão” e descrevia com detalhes como se daria o desenvolvimento de cada passo deste “encontro concentrado de linguagem” que nortearia o trabalho de combate ao analfabetismo. Um dos subtítulos trazia todo o desenvolvimento do processo CLE:
· 1º Passo Unidade baseada em um texto - leitura compartilhada - demonstração de uma unidade estruturada. Objetivo: desenvolvimento de conceitos - Compreensão dos significados (preparação para ouvir e raciocinar)
· 2º Passo Unidade baseada em texto - contar história - conversar sobre ela - mímica - dramatização - unidade passo a passo - reconstruir a experiência. Objetivo Utilização do conceito para comunicação através da linguagem e da expressão facial - desenvolvimento das habilidades ouvir e falar e utilizar a expressão corporal.
· 3º Passo Negociar o texto. Objetivo: Transferência do conceito para a Linguagem oral (alunos) e para a linguagem escrita (professor) - correspondência entre som e símbolo.
· 4º Passo Confecção do Livro Coletivo Objetivo: Precisão dos conceitos da escrita e dos sons (através leitura e criatividade a partir de ilustrações).
· 5º Passo: Atividades lingüísticas através de jogos (após leituras dolivro coletivo )Objetivo: Prática de pequenas unidades de língua (ortografia, regras gramaticais, conjugação de verbos, etc.)
E dentro destas premissas o Rotary vem trabalhando seu método em diversos distritos, de forma articulada e sistemática, sempre com bons resultados. Não é de estranhar visto que se trata de uma metodologia simples, cujos cinco passos possibilitam uma continuidade do trabalho. Um método que pode ser aplicado a qualquer momento do ano (respeitando o ritmo de aprendizagem de cada aluno) e que também tem sido aplicado na Educação de Jovens e Adultos (EJA) com muito sucesso. Uma relação de ensino/aprendizagem que respeita diferenças culturais, que aplica princípios do sócio-construtivismo e que envolve e motiva os alunos. Nada pode ser motivador que trabalhar com a realidade que rodeia o aluno, que lidar com temas do dia a dia e nada mais provocador de brilho nos olhos que a possibilidade de compreender melhor o mundo poder interagir nele. Projetos como este são a prova de que o aluno só aceita viver uma história de amor com a educação quando ele percebe que só ela tem o condão de mudar a sua própria história.
CAPÍTULO 3. LEIO, ESCREVO E NÃO ENTENDO.
3.1 Analfabetos Funcionais
Estando clara a diferenciação entre letramento e alfabetização, estando definido que a primeira não trata apenas do ato de ler e escrever mas também de exercer práticas sociais com a escrita; falta entender o que ainda temos de caminho a percorrer para que o letramento provoque cidadania plena em nosso país.
A necessidade de métodos de letramento que promovam cidadania podem ser facilmente ilustrados por diversos artigos em vários meios de comunicação que retratam a dificuldade que muitos brasileiros tem em ler e interpretar o que estão lendo. Recentemente uma página eletrônica especializada em educação publicou esta notícia;
Apenas 25% da população brasileira entre 15 e 64 consegue ler e escrever plenamente. Os outros 75% apresentam muita dificuldade ou nenhuma habilidade na leitura e na escrita. É o que atesta a terceira pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) no Brasil sobre analfabetismo funcional e absoluto. Entre os dois mil entrevistados, 68% são analfabetos funcionais, isto é, apresentam dificuldade em interpretar textos e não têm muita habilidade na escrita. (Ig Educação -2005)
Segundo este artigo um quarto de nossa população não possui as ferramentas necessárias para exercer planamente sua cidadania. Sem o domínio do código de linguagem do país em que vivem serão facilmente manipulados e enganados em seus direitos e terão dificuldades em conquistar seu espaço no projeto da nação. Esta é apenas uma das estatísticas que comprova as diferenças sociais provocadas pela má distribuição pública do produto chamado educação.
O conceito de analfabetismo funcional foi criado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em 1978 para designar todas as pessoas que lêem e escrevem coisas simples, mas não conseguem tornar concreto seu desenvolvimento pessoal e profissional. Então não se trata de ter pelo menos quatro anos completos de escolaridade ou de possuir alguns “saberes” da nossa língua, mais do que isto, só não será considerado um analfabeto funcional aquele individuo que conseguir uma atuação social crítica e a realização de seus projetos pessoais. O olhar de educador nos leva a questionar os conceitos de analfabetismo funcional e até mesmo os critérios, os parâmetros para se enquadrar neste conceito. Buscamos, pois o auxilio de um autor/educador, o Prof. Dr. Daniel Augusto Moreira que lança uma luz sobre este caráter funcional de saber ler e escrever:
“São analfabetas funcionais pessoas com menos de 4 anos de escolaridade, que não possuem as habilidades de leitura, escrita e cálculo para fazer face às necessidades da vida social e profissional de nossos tempos, tais como: ler uma estória infantil para seus filhos, cozinhar seguindo uma receita, ler (e entender) um jornal ou uma revista, (...) preencher um formulário de emprego, entender suas contas de água, luz e telefone, (...) etc. (Keller, 1991). Por esse padrão, cerca de 800 a 900 milhões de pessoas no mundo jamais poderão cumprir algumas tarefas simples e corriqueiras em sua vida pessoal e profissional.”[1][ 2 ]
A partir disto podemos ampliar nosso conceito de alfabetização letrada para além dos limites de assinar o próprio nome, passar mais tempo na escola, e nos leva a um conceito crítico de formação de indivíduos conscientes, capazes, produtivos, com opiniões próprias e até formadores de opinião. Qualquer iniciativa que busque respostas concretas para o analfabetismo, sobretudo o funcional, deverá buscar meios de proporcionar espaços para reflexão, discussão, contato com produção cultural e oportunidades de todo o tipo de leitura do mundo. Somente o conhecimento profundo do problema pode proporcionar mudanças profundas na situação.
O Presidente do Rotary Internacional, do período 2005-06, Sr. Carl-Wilhelm Stenhammar teve sua mensagem publicada no informativo do Distrito 1970 e já demonstrava conhecer profundamente o problema que ora tratamos:
Quero que nos concentremos em áreas em que excedemos em competência e que atendem às necessidades humanas mais básicas.
Uma dessas áreas é educação e alfabetização. Desde esforços individuais até programas de grande abrangência, Rotary Clubs desenvolvem enorme gama de projetos que fomentam o ensino. Seja equipando escolas, facilitando o treinamento de professores, servindo de mentores ou distribuindo roupas e livros para crianças, os rotarianos se superam na área educacional.
Entretanto, em meio a tanto sucesso, ainda há muitos adultos que não sabem ler nem escrever uma simples sentença. Outros tantos se encaixam na categoria de analfabetos funcionais, ou seja, não têm conhecimento suficiente de leitura, escrita e cálculo matemático para conseguir um melhor sustento. A experiência do Rotary e seu contínuo compromisso com a causa é essencial para tratar o problema que impede inúmeras pessoas de quebrar os grilhões que as mantêm na pobreza.
Carl-Wilhelm Stenhammar
Se esta mensagem para sua equipe revela a vontade de concentrar esforços na educação e alfabetização, os relatos de suas iniciativas comprovam o conhecimento de causa e a busca de soluções. Que este empenho sirva de lição a educadores, leigos e governantes e que realmente continuemos as parcerias para erradicar este tipo patológico de analfabetismo que impede o crescimento do ser humano, que marginaliza pessoas e aperta as amarras da exclusão social. Somente o registro desta iniciativas é insuficiente, é necessária uma reflexão responsável sobre todas as práticas que visem liberdade de expressão, conquista de competências, e inserção de todos os indivíduos em um universo que vai muito além das letras e números.
3.2 Analfabetos Digitais
O termo analfabeto digital já não é novo, mas é um novo problema que se apresenta para nossa população pouca letrada. Não se pode negar que o avanço rápido da tecnologia pode causar exclusão social e também não adianta ser contra esta tecnologia que afinal é irreversível e agrega tantos pontos positivos. A verdade é que toda mudança gera conflito, causa desacomodação e tende a impulsionar o ser humano para frente. O preocupante é saber que existem dois Brasis: um que avança prestando serviços de primeiro mundo e em alguns casos até servindo de referência para o mundo (basta ver o caso das urnas eletrônicas e de nossa eleição/apuração modelo); e um outro Brasil que não resolveu nem seu problema de letramento (e que ainda precisa sobreviver na informalidade vendendo cafezinho nas filas da ineficiência). Entre estes dois Brasis existe um abismo e neste abismo muita ponte ainda precisa ser construída. Como educadores a nossa missão é mais uma vez transformar informação em conhecimento e fazer da tecnologia um dos pilares desta ponte que precisa unir os extremos sociais deste país.
No livro de Geografia que adoto para minhas sextas-séries ( Geografia Homem & Espaço- Editora Saraiva), um capítulo sobre a sociedade e a economia no Brasil, traz um texto ilustrativo sobre as diferenças sociais em nosso país que quero reproduzir aqui:
(...) Nos descaminhos de asfalto que palmilha, Hustene empreendeu uma viagem de descoberta do país. Diante de cada porta fechada, percebeu que o Brasil havia desistido dele e de sua família e haviam esquecido de avisá-lo. Não é uma vaga de emprego que lhe negam, é um lugar no projeto da nação. “O que mais me doi é que não consigo emprego por exigência de estudo. Aí não vou poder continuar dando estudo para os filhos. Vão ficar pai, filhos e netos trabalhando sem educação, no serviço que aparecer. Ficaremos todos sem escolha”, desespera-se. “Eu trabalhava em escritório, tinha datilografia e escrituração fiscal. Meus filhos iam comigo trabalhar e ficavam orgulhosos. Agora me tornei um analfabeto, fiquei fora da informática. (...) vou começar do zero e não estou no zero. Não sou contra a tecnologia, mas é uma concorrência desleal. E meus filhos não têm computador. E eu não terei o dinheiro para mandá-los para a faculdade”. (BRUM, Eliane 2002)
Esta exclusão que trata a autora é uma das novidades do avanço tecnológico. Não basta mais decodificar os símbolos de nossa língua pátria, é necessário dominar todas as novas linguagens da “era digital” sob o risco de não conseguir nem leitura de mundo, quanto mais espaço “no projeto da nação”. Logicamente existem vantagens na tecnologia, mas a questão é se todos têm acesso a ela. Esse processo de desenvolvimento traz vantagens competitivas e quem ficar à margem das inovações, quem não dominar as ferramentas, será um analfabeto digital. Neste caso, portanto, estamos falando de tecnologias que possuem uma característica específica: mudam radicalmente as formas de produção e não apenas ocupam postos de trabalho. E olhando mais de perto, não é verdade que todas as tecnologias possuem esta característica? Ou seja, toda grande mudança na forma de produção de uma sociedade não causa desemprego estrutural? Pois desta vez também estamos com uma dívida social dos diversos “Hustenes” que por este Brasil vagem pelo país que se esqueceu dele e que também esqueceu de avisá-lo.
Também nesta área encontramos o Rotary construindo pontes sobre o abismo das diferenças sociais, adotando escolas públicas e dotando-as de novas tecnologias. Assim relata a Brasil Rotário número 944 na sua página 6:
O Mutirão Digital, que visa à melhoria da escola pública através da Internet, pretende colocar em toda escola pública computadores, como recurso pedagógico, e treinar seus professores pra usá-los em todo o território nacional. Este programa, que já vai para o terceiro ano de atividade, conta com o apoio técnico da Escola do Futuro da USP, do Colégio Rio Branco e a parceria do Rotary, no Brasil. Conta, também, com o apoio de empresas como o Banco Itaú, Microsoft e Carrefour, entre outras, e tem celebrado convênios com o poder público, através das Secretarias de Educação, estaduais e municipais. É um programa ambicioso que, começando pela Educação, caminhará para o desenvolvimento das comunidades, através da enorme rede de comunicação altamente qualificada e respeitável com base nas escolas e nos Rotary Clubs locais. Em termos modelares e estimuladores pelo exemplo, a Fundação de Rotarianos de São Paulo adotou a mais antiga escola pública do Estado de São Paulo, fundada em 1894, a Escola Estadual de São Paulo, o antigo Ginásio do Estado ou Colégio Presidente Roosevelt. O objetivo é dar a essa escola pública as condições de oferecer a mesma qualidade de ensino do Colégio Rio Branco. O trabalho conta com o apoio da Associação dos Antigos Alunos e o acompanhamento do Unicef. O resultado, certamente, terá repercussões profundas na melhoria do ensino em geral, e em particular, no ensino público de São Paulo.
3.3 Analfabetos Políticos
Tanta disparidade, tantas pessoas necessitando de tantas ferramentas de cidadania só pode resultar numa triste realidade: um outro tanto de analfabetos – os analfabetos políticos. O impedimento de ler e escrever ou o de compreender realmente um texto de propaganda, um artigo, um parágrafo de lei, um manifesto, uma citação, uma carta, um boletim escolar, ou qualquer outra forma de comunicação escrita, limita a participação ativa nas decisões da vida pessoal, da família, da rua, do bairro, do município, do estado e da nação.
Se a cidadania é o direito de ter direitos, o analfabeto político nem sabe direito o que pode e o que não pode. O grande escritor e dramaturgo alemão Berthold Brecht assim definiu esta categoria de analfabetos:
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve , não fala nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito, dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e o lacaio das empresas nacionais e multinacionais (BERTHOLD BRECHT)
Este analfabetismo causa estragos maiores, pois reproduz mais injustiça social que por sua vez causará mais analfabetismo. É um tipo de analfabetismo que não se manifesta somente em períodos eleitorais, mas é neste tempo que se torna mais evidente. É esta pobre vítima alienada que troca seu voto por algum interesse pessoal e depois não pode cobrar nada de quem está no poder, pois já recebeu a sua paga. É este analfabeto que é vitima de injustiça social e depois responsável por perpetuá-la.
A própria política educacional se manifesta muitas vezes como reprodutora de injustiças na medida em que as camadas mais populares não têm acesso aos mesmos recursos que as classes mais abastadas. Esta injustiça se manifesta na infra-estrutura da escola, na formação do professor e até na forma como o professor enxerga os alunos das camadas mais populares. Nós educadores precisamos entender que o aluno da escola pública tem tanta condição de aprender como qualquer outro aluno, do que qualquer aluno de outro meio. Ele não possui nenhuma deficiencia cognitiva, nenhuma deficiencia cultural, nenhuma deficiencia liguistica. Mas uma cultura diferente que precisa de uma metodologia adequada.
E com relação à cidadania, à diversidade cultural e a dívida social que o mundo tem com os menos favorecidos, mais uma vez fica para nós educadores o exemplo do Rotary que busca justamente ajudar as camadas menos abastadas. Recentemente um clube queniano patrocinou a primeira oficina do Lighthouse na Africa oriental, demonstrando a urgencia de se aplicar recursos onde for mais necessário e não onde renda mais dividendos políticos. O informativo do Distrito 2200 e 2210 comenta os detalhes:
O projeto Lighhouse, Encontro Concentrado de Linguagem (CLE, em inglês), um programa bem sucedido patrocinado por Rotary, está se expandindo rapidamente no Quênia. Através de um projeto patrocinado pelo Rotary Club de Westlands na capital nacional, Nairóbi, o país sediou a primeira oficina de treinamento do CLE na África oriental, no início de agosto.
Destinado para a alfabetização em massa através de metodologia baseada em texto e atividade, o CLE é especialmente útil em países onde recursos escassos privam milhões de pessoas da oportunidade de aprenderem a ler e a escrever. O Quênia, com cerca de 16 por cento de seus 31,3 milhões de habitantes nunca terem freqüentado qualquer escola, espera beneficiar do sucesso que o CLE alcançou em outros lugares.
São estes os exemplos que devem nortear as iniciativas políticas com relação à educação. Afinal a paz tão sonhada só acontecerá quando diminuírem as diferenças sociais, a fome, a pobreza e a ignorância.
CAPÍTULO 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.
A finalização deste trabalho é a oportunidade de avaliar a importância do assunto que ele se propôs a refletir e a reconhecer que o tema não se esgota, felizmente provoca novas reflexões.
Grandes contribuições bibliográficas vieram alguns pedagogos mas sobretudo dos informativos do Rotary postados na Rede Mundial de Computadores. Estas pessoas que escrevem a história do Rotary o fazem com tanta espontaneidade e envolvimento que fazem escola par nós educadores.
Concluo que desde a escolha do tema – uma releitura no bê-á-bá do Brasil - o trabalho se pautou nas indagações que estão sempre na sala de aula. Pergunta-se por que grande parte dos alunos possui uma relação negativa com a leitura e com a escrita, quais são as principais dificuldades de leitura, por que as crianças apresentam dificuldades para elaborar textos e de que forma poderíamos alfabetizar letrando, dando acesso à tecnologia e criando mentalidade crítica e política.
Acreditamos que o trabalho responde às principais indagações que motivaram esta pesquisa. De acordo com autores experimentados, percebemos que a relação dos alunos com a leitura e a escrita vai depender de como ele será apresentado aos primeiros textos e de como isto será trabalhado pela família, pela escola e por entidades que, como o Rotary desenvolvem um trabalho com responsabilidade. Percebemos que as dificuldades de decifração dos códigos, a falta de hábito para a leitura e a falta de preparo de adultos para motivar a leitura acabam ocasionando uma escrita também limitada e pouco reveladora das potencialidades de nossas crianças e pouco útil para o exercício de cidadania.
Não é conclusivo um trabalho que trata de uma questão que ainda demanda muita atitude nossa, mas creio ter apresentado um trabalho digno dentro da proposta do Rotary e na intenção de colaborar neste desafio tão urgente.
Mas ficam algumas certezas: somente um mutirão, um esforço coletivo pode transformar vidas e proporcionar uma nova leitura de mundo onde cada novo dia se abre como uma página nova a ser escrita. Somente a educação pode fazer com que cada cidadão seja personagem principal de sua história e autor livre de cada capítulo de sua vida. E somente o trabalho desinteressado de pessoas que “doam de si sem pensar em si” pode assinar embaixo das histórias de vida de pessoas que exercem seus direitos, sobretudo o direito de ser feliz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRASIL ROTÁRIO, Coletânea de textos referenciais, Editora Cooperativa Brasil Rotário,2006
BRUM, Eliane. O homem estatística. Época. Globo. N.197. 25 de fevereiro de 2002.p.91
EGD, Urquiza Alvim.Carta mensal do Governador do D-4520.Novembro 2006
FERREIRO, E. Cultura escrita e educação. Porto Alegre, Artes Médicas, 2001
LEITE, S. A. S. (org.) Alfabetização e letramento – contribuições para as práticas pedagógicas. Campinas, Komedi/Arte Escrita, 2001.
MOREIRA, Daniel Augusto. Analfabetismo Funcional: Introdução ao Problema-FEA USP e FECAP – Julho 2000
http://www.appai.org.br/Jornal_Educar/Jornal23/educacao_inclusiva/letramento.htm
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http://www.culturabrasil.org/brechtantologia.htm
Informativo Rotary Internacional. Distrito 4430. Governadoria 2003-04
Informativo RotarySpain D2200 - D2210 - Rotary International
TFOUNI, Leda Verdiani, (1988). Adultos não alfabetizados: o avesso do avesso. Campinas: Pontes. _____, (1995). Letramento e alfabetização. São Paulo: Cortez.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSou professora do município de Sorocaba, todas as professoras do curso Alfa vida, do projeto de alfabetização de adultos do município de Sorocaba, realizou a capacitação no programa CLE pelo Rotary de nossa cidade...pena que tivemos apenas um bimestre após o curso...
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