Escrever

Hoje, por algum motivo a palavra escrever me leva à uma outra nada simpática: excremento. Talvez pela natureza excretora do ato de vomitar palavras quando não se está bem. É difícil estar bem no final de um ano letivo para alguem que tem que responder por setecentos alunos, mais de setenta funcionários e, principalmente, mostrar resultados. E aí, neste caso, neste caos, de final de ano, escrever é meio que um desabafo, é uma desabafo inteiro, um desabar de letras, um esvaziar de pensamentos.
Já me ocorreu também que escrever está ligado a ver, crer e deixar de crer: ex,crer,ver. Alguem que já acreditou e já viu e agora é um ex crente um escrevente. De qualquer forma é minha terapia, meu divã. Quando eu era pequeno e já falava muito, minha mãe, já cansada de tanta verborragia me soltava um "Tá achando que meu ouvido é paiol?" Minha mãe era da roça, criada no meio de porcos e galinhas e sabia que o paiol era um depósito de milho (e também de palha para justificar o nome)onde proliferavam ratos e toda sorte(azar) de sujeiras e badulaques. O ouvido da minha mãe não é paiol, não é lugar de guardar tanta besteira e por isso ela se indignava e me mandava calar a boca. Hoje esta página está sendo meu paiol, mesmo porque não tenho nada para escrever e já estou no segundo parágrafo. Segundo e último.